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Mistério Rumo à Colônia

 

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 A história começa !

 

 
 26 de novembro de 1807 - 06:15

 Choveu esses dias, muito forte. Parece que o nervosismo com a invasão francesa dominou até o tempo. Sinceramente eu estou tranqüilo, sabe... Vou para a colônia com toda a corte e lá não teremos muito problema.
Desculpe, não me apresentei: Meu nome é Manuel Miranda e sou um empregado da corte, trabalho para a Rainha, D. Maria, nosso símbolo de realeza, fez tantas coisas boas que nem podemos nos indignar com seus últimos pedidos.
Com D. João eu não faço muitos trabalhos, ele tem seus próprios empregados, mas Dona Carlota gosta muito de meus serviços.


26 de novembro de 1807 - 23:40

D. João anunciou que os barcos chegarão amanhã para buscar a nobreza e pediu a todos que estavam na ceia desta noite para fazerem as malas. A nobreza não gostou muito, principalmente as mulheres dos duques que deixarão seu país. Os homens entenderam muito bem a situação, mas por conta disso a ceia acabou bem mais cedo hoje.


27 de novembro de 1807 - 04:50

Realmente o príncipe regente estava certo, hoje o porto já tinha três barcos atracados e vinham mais uns quatro no horizonte antes de eu chegar aqui.
Vamos passar o dia colocando as malas, que não param de chegar ao palácio, pra dentro dos navios. Espero que caibam todas.


28 de novembro de 1807 - 00:01

Ontem e hoje não paramos de carregar as malas, além dos objetos pessoais, estão colocando todo o palácio lá dentro! Ouvi dizer que na tal colônia não tem nada do que temos aqui.
Hoje a chuva parou durante a manhã, o que nos ajudou bastante, o lamaçal impede que arrastemos os baús e eles são muitos pesados pra carregar até os botes.
Por conta da chuva ainda não embarcamos. Estamos todos acomodados nos catorze navios sem poder sair do lugar.
Devo comentar que foi muito engraçado ver as mulheres todas bem vestidas caindo na lama, se agarrando a seus maridos e família pra tentarem salvar os vestidos.
D. Maria Ana, irmã da rainha, não é casada, mesmo com seus 70 anos, e ficou esperando alguém para ajudá-la a entrar no bote, eu estava ocupado com a rainha, não pude ajudar, mas vi o momento em que seu vestido azul ficou marrom numa poça funda de lama.
Olhando agora pra fora do navio, percebo que algumas luzes permanecem acessas no porto. Muita gente veio nos assistir embarcar. Imagino o desespero desses que não podem fugir, as tropas francesas chegam a qualquer minuto.
Devo descansar, o céu está estrelado e, se amanhã fizer bom tempo, embarcaremos logo de manhã.


29 de novembro de 1807 - 05:08

Nessa noite tivemos muito trabalho, a rainha teve mais um ataque de gritos dizendo que já amanhecera em plena 2h da manhã. Não dormi.
Já estamos nos afastando do porto, é uma hora boa, pois não há muitos curiosos nos assistindo. O dia está mais azul que o mar e não há muito que dizer, apenas a expectativa toma conta de todos.
Começo a me preocupar se nessa colônia minha rainha se sentirá bem. Bom... Sem muito que fazer esta manhã começarei a contar minha história:
Minha mãe nunca conheci. As empregadas mais antigas da Corte me pegaram na porta do castelo numa noite quente, eu era um recém nascido. Família, portanto, não tive. Mas logo segui os passos de Seu Joaquim, quem servia pessoalmente a rainha antes de morrer há 12 anos. Assumi o seu cargo então, tinha 15 anos, e sabia que era isso que queria.


01 de dezembro de 1807 - 20:16

 Esses dias têm sido bastante ocupados, algumas damas estão sem suas malas no navio, sorte daquelas que têm as malas em outro navio, pois muitas ficaram no porto, repararam hoje também que alguns sacos de comida ficaram esquecidos na metrópole.
A rainha decretou que os sacos que vieram nesse navio deveriam ficar no convés, para que seus baús e móveis não fossem manchados pelo Sol. Sua comida ficou do lado de dentro e a parte que está ao tempo será consumida primeiro, sem problemas.

 


02 de dezembro de 1807 - 06:05

Estamos todos preocupados, choveu muito essa noite e hoje de manhã não vimos nenhum barco à nossa volta, sabemos que estamos na direção certa, mas continua chovendo e isso dificulta toda a viagem, não vejo nenhum navio...
Pode ter sido só a tempestade, pode ser um ataque Francês... Tudo passa por nossas cabeças e como todas as famílias foram separadas todos estão em pânico.

 


04 de dezembro de 1807 - 19:39

Hoje à tarde o navio de D. Carlota se aproximou do nosso e o de D. João se aproxima no horizonte.
Minha rainha nem se preocupou, disse que os navios tinham brigado e precisavam se separar para continuarem a viagem sem mais brigas. Eu ri. Disfarçadamente, claro.

 


06 de dezembro de 1807 - 13:21

Hoje pela madrugada todos os barcos já estavam juntos, acho que não brigaram mais. Os dias têm sido bastante claros.
Todas as mulheres começaram a raspar a cabeça! Eu não entendia a razão, até que D. Maria teve que fazer o mesmo... Piolho!

 


09 de dezembro de 1807 - 07:09

A crise de piolho acabou com a embarcação, não tem ninguém que não tenha pegado esses bichinhos nojentos, nem eu escapei!
A viagem mais monótona do que está não poderia ficar! Todos os dias tudo é do mesmo jeito. Minha rainha diz que estamos repetindo os dias e ainda são 30 de novembro.

 


10 de dezembro de 1807 - 12:06

Ontem no jantar todos passaram mal e eu não pude ficar aqui dentro. Os alimentos, que ainda tem, começaram a estragar.
Não imagino como será daqui pra frente, sem comida? Ninguém avistou terra nenhuma. Ainda tem pão, queijo e carne que foram bem conservados, além do peixe que alguns dias conseguimos pescar.
Desejem-nos sorte!

 


14 de dezembro de 1807 - 16:36

D. Maria hoje acordou indisposta com o balanço do navio e recusou suas refeições, por causa do constante enjôo.  Isabel, sua camareira, passou mal fortemente depois de seu café da manhã e de provar a comida de sua majestade. A coitada não resistiu... Seu corpo acabou de ser jogado ao mar.

 


14 de dezembro de 1807 - 23:43

A rainha, ao descobrir a morte de Isabel, logo imaginou que a comida que provocara o mal estar era a dela. Afinal, era função de Isabel provar todo alimento que lhe fosse levado. Assim, parecia óbvio que Isabel havia provado algo envenenado antes de levar a refeição. D. Maria suspeitava ser vítima de um complô. Agora cabe a mim investigar todos os suspeitos. Quais os suspeitos? Não sei nem por quem começar...

 


15 de dezembro de 1807 - 12:05

Enquanto o cozinheiro fazia o café da manhã de sua majestade, desci até a cozinha para interrogá-lo. Ele disse que não colocou nada na comida de ninguém, mas temia que a camareira apenas estivesse passando mal com a comida que rapidamente se estragava ao Sol.
Quando disse isso à D. Maria, antes de seu desjejum, ela armou um escândalo dizendo que a partir daquela hora o Sol já não faria mal para a comida.  E mais, decidiu que não comeria, pois o cozinheiro deveria ter tentado envenená-la de novo.

 


16 de dezembro de 1807 - 16:34

Nessa madrugada me lembrei de que no começo da viagem a D. Maria tinha brigado com um músico dizendo que suas composições eram medíocres e ele então ele teria motivo para querer matá-la.
Quando cheguei para conversar com o jovem senhor ele disse que nunca faria tal coisa, nem ficou bravo com a rainha. Pelo contrário, descobriu, depois da ofensa, que tinha mais talento para poesias, e até me perguntou se poderia voltar a se apresentar para sua majestade.
Fiquei sem palavras, nem respondi. O músico não foi!

 


20 de dezembro de 1807 - 23:25

Passei todos esses dias interrogando pessoas comuns que esbarravam em mim durante o dia, nenhuma pista, nada!
Eu cheguei a pensar se o próprio filho mão mataria a mãe, para chegar à colônia como rei, e não mais príncipe regente.
Mas não tenho coragem de enfrentá-lo, nem de dar essa idéia à D. Maria! Corria o risco de ela matar o próprio filho.

 


22 de dezembro de 1807 - 14:39

Finalmente consegui convencer D. Maria a comer o pão e o queijo que trouxemos conosco. Afinal, já vieram prontos de Portugal. Depois de dois dias acabou o jejum! Emagreceu bastante, mas tem comido tanto que logo ela compensa...
Todo dia alguém passa mal, porém, mais mortes não houve, isso só piora a suspeita de uma tentativa de assassinato.

 


25 de dezembro de 1807 - 10:06

Ontem à noite interroguei algumas damas que assistiam ao por do Sol. Elas ficaram aterrorizadas com a possibilidade de um assassinato dentro do navio, mas uma delas me pareceu bem calma. Seu nome é Ana Maria e é filha de uma das damas. Disse que concordava com o cozinheiro, aquelas comidas ao tempo não poderiam fazer bem a ninguém. Logo a menina foi calada pela mãe, que disse que a rainha proibira o Sol de fazer mal à comida, e isso não poderia ser. As pessoas parecem estar começando a perder a razão...

 


01 de janeiro de 1808 - 06:09

Outra morte, de Ana Maria agora, logo após a ceia de ano novo. Chego a pensar se foi porque ela enfrentou a lei da rainha ou se foi outra coincidência. D. Maria descobriu que a menina era órfã de pai e que este era desprezado por D. João. Então, pode ter se envenenado sem querer quando quis matar alguém da corte. Sinceramente não entendi o raciocínio de minha rainha! Mas quem sou eu pra não concordar com ela...

 


03 de janeiro de 1808 - 08:32

Hoje durante a missa eu lembrei que o padre deveria saber quem tentou matar a rainha, já que todos contam tudo a ele. Pensei que, para a rainha, ele não guardaria segredos. Entretanto, disse que não sabia de nada. Ofereci uma boa quantia, e respondeu que até receberia para jurar por Deus que ninguém lhe contou nada.
Então, quem foi?

 


10 de janeiro de 1808 - 15:48

Acho que entrevistei todos os tripulantes desse navio, e confesso que depois do depoimento do padre eu só continuei, pois era um pedido real.
Agora não posso fazer nada a não ser tentar manter minha rainha despreocupada.
Ela agora bebe seu vinho e come um pouco de peixe, mas só se preparado pelas empregadas do palácio, disse que não confia em mais ninguém.

 


18 de janeiro de 1808 - 16:56

Mais mortes deixaram todos muito apavorados. Um contaminado contaminava toda a família. Poucos são os que continuam contaminados mais de três dias, a maioria morre no mesmo dia do primeiro enjôo.

 


20 de janeiro de 1808 - 07:40

Agora a culpa é minha! Minha rainha acaba de me despedir e só não me jogou ao mar porque o capitão não deixou.
Foi a maior confusão, e agora eu estou preso no porão do navio. Aqui é muito escuro, só entra luz por um furinho que dá pro lado de fora.
Tudo começou quando eu entrei no quarto dela dizendo que havia desistido, que alguém estava mentindo, mas eu não conseguia descobrir quem. Ela logo apontou para mim e começou a gritar "assassino", "assassino". Nem tive tempo de dizer nada, e praticamente já estava aqui dentro.
Ao menos não morri, mas o que será de mim agora? Só Deus sabe!

 


25 de janeiro de 1808 - 12:30

Desde o dia em que fui preso, nunca mais vi tamanha luz como esta. Na verdade acho que nem em liberdade o Sol tinha tamanho brilho.
Vi alguns negros serem chutados para frente e uma multidão de portugueses que já viviam aqui nos esperando. Imaginei descer desse navio escoltando minha rainha e não sendo tratado como um escravo. Não sei se terei sentença de morte aqui, mas espero que não.
Mais uma vez: Desejem-me sorte!

 

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→Marina Carneiro

 

→Direção e arte: Rebeca Chuffi e Taynnara Rodrigues

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